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Por que as Gerações Maldaner estão num estudo genealógico da Família Guitel?
A fatalidade da morte de João Petry, em 1934, sogro de Frederico Guitel, propiciou a união em 1940 de Rosalina (Rambo) Petry e Miguel Maldaner, viúvo em 1939. As temporadas em Bela Vista, RS, em que os netos Vilmário e Valdir, recém órfãos da mãe Ida Guissela (Petry) Guitel, passaram a conviver com a vó Rosa, o vô Miguel e seus filhos aumentaram 1947, com a morte de Ida. Aquela convivência foi decisiva no desenvolvimento intelectual, do comportamento e dos valores espirituais dos netos de Rosalina. No cotidiano da família falava-se o alemão e mesmo que os netos não tenham aprendido a falar a língua alemã, passaram a entender os diálogos mais simples e a registrar aquela complicada fonética. Foi vó Rosalina que nos deu talvez o primeiro livro, um dicionário da língua alemã, relíquia conservada até hoje. À noite, após um dia estafante de trabalho nas lavouras e no trato da criação da propriedade, ficava-se em volta do fogão a lenha, cantando canções religiosas ou do folclore popular, num coral formado pelas vozes dos tios Ivo, Henrique, Catharina, Jacob, Edit e Valeria, enquanto roncava a máquina desnatadeira do leite de uma ordenha recém feita. Lá a música estava presente em nossa educação não só pelas noitadas de canto ao lado da desnatadeira, como pelos ensaios de violino tocado pelo vô Maldaner. As refeições na mesa de mais de 12 lugares e dois bancos que comportavam o casal, os nove filhos e mais os dois ou tres netos de Rosalina; refeições obrigatóriamente precedidas por uma oração, iniciada por vô Miguel, sentado à cabeceira da mesa.
Era ele também que presidia as cerimônias da Capela São Luiz aos domingos, feriados e dias santos, com as orações e avisos recitados normalmente em língua alemã. Muitas frases esquisitas ficavam registradas em nossa memória, como esta repetida em côro pelos fiéis: "Pita ferrãos". Mais tarde aprendi que diziam "Bittet für uns", "rogai por nós!".
A Capela São Luiz de Bela Vista era muito familiar para nós. Na hora da Ave Maria acompanhávamos um dos tios encarregado de tocar o sino do campanário da Igreja. E como era maravilhoso voar dependurado na corda do sino, que nos embalava com o seu peso. Muitas vezes, nessa hora, ouvíamos o toque do sino de Pachales, a alguns quilômetros no outro lado do rio Jacuí
Mais algumas lembranças daquela época:
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