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Ao descobrimos que o registro de óbito de Ludwig havia sido feito em Quinze de Novembro, RS, obtivemos, em 27/08/1997, cópia da certidão de óbito da qual foi declarante Frederico Guitel e o falecido registrado como LUIZ GITTEL.
Essa ausência de documentos começou a se resolver a partir do momento em
que passamos a pesquisar pelo nome GITTEL. Em 03/02/1998 o "Projeto
Imigrantes" localizou em seu banco de dados três imigrantes com esse
sobrenome: Ludwig, Emilie e Linda. Em 13/02/1998 aquela empresa de pesquisa forneceu o Certificado de Chegada ao Brasil onde constam apenas os seguintes dados: nome, Ludwig Gittel, data da chegada (15/10/1890), com 29 anos, casado com Emilie Gittel, profissão (agricultor), nacionalidade (Russa), procedência (Rússia), entrada no Brasil via H. Charqueadas, tendo como destino Caxias do Sul, RS; Emilie tinha 29 anos e Linda 3 anos; dados obtidos no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, códice nº 184, folha 74 verso, lançamento nº 6019. Em 01/12/1998, graças a buscas feitas no Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova Palma, Rio Grande do Sul, as dúvidas sobre o russo que falava alemão foram esclarecidas, através das informações históricas que seguem abaixo, passadas pelo Padre Luizinho Sponchiado, Diretor daquele Centro. Diferentemente do previsto pelas autoridades brasileiras de imigração, Ludwig e sua família não foram para Caxias do Sul e sim rumaram para a cidade de Silveira Martins, RS, onde foram abrigados nos Barracões dos Imigrantes. Confirmando a passagem dos Gittel por Silveira Martins, os assentamentos de Padre Luizinho, extraídos de Livros daquela cidade, relatam o batismo, em 20/10/1890, de Emilia, filha de Ludwig Gittel e Emilie Sicklang Gittel.
Já durante o reinado de Pedro, o Grande, muitos artesãos, médicos e arquitetos
mudaram-se para a Rússia.
O governo russo assegurava importantes privilégios a esses imigrantes:
autonomia política, liberdade religiosa, isenção do serviço militar e isenção
de impostos. Os que deixaram sua terra natal eram principalmente agricultores,
alguns em razão do medo da fome e guerras e outros por perseguições religiosas.
Eles partiram de Wuerttemberg, do Palatinado, Bavaria Setentrional, Baden Setentrional
e Hesse. Aspiravam um futuro melhor para suas famílias. Lá receberam lotes rurais
nas regiões do Volga e do Mar Negro.
No início do século XIX, novamente multidões de alemães do sul da Alemanha emigraram para a Rússia. Devido a escassas proviões de viagem as pessoas enfraqueciam em razão da fome e doenças. Por isso, somente um pequeno número deles chegou ao seu destino. Os sobreviventes receberam colônias em áreas no Mar Negro, na Criméia, Cáucaso e Bessarabia. Adquiriram mais terras e alcançaram assim um nível de vida superior ao dos colonizadores da região do Volga, que tiveram de se submeter a uma divisão coletiva de terras. O mapa mostra áreas de colonização na Rússia em 1762, 1796 e 1825 relativas as migrações de regiões do Hesse, Prússia Oriental, Polônia e do sudoeste da Alemanha e posteriores migrações do sudoeste da Europa. As vilas dos colonizadores recebiam nomes como Frankfurt, Rastatt, Hamburg, München, Speyer que faziam lembrar sua terra natal. Eram vilas coletivas alemãs num país estrangeiro. Essas comunidades eram administradas por um Schulze (prefeito) alemão, os jornais redigidos em alemão, seus filhos podiam freqüentar suas próprias escolas alemãs e aos domingos participavam dos cultos religiosos em suas igrejas. Em razão dos privilégios dos alemães, a população russa logo passou a encará-los com desconfiança e isto, conseqüentemente, afetou a "política germânica" dos czares russos. Especialmente sob Alexandre III houve uma russificação política intensiva, pelo receio de que as áreas de colonização alemã se tornassem germânicas ao invés de continuar russas. Em 1887 a lei da russificação do sistema educacional alemão e outras medidas restritivas ocasionaram, no começo do século XX, a saída de mais de 100.000 russos alemães de sua terra natal. Alguns poucos retornaram para a Alemanha. A maioria emigrou para os Estados Unidos e Canadá. Muitos, entretanto, preferiram não deixar suas terras, seus lares e lá permaneceram.
Realmente, nos Estados Unidos, costa noroeste, residem inúmeras
famílias de nome GITTEL, assim como no Canadá, onde já fizemos contato e
tomamos conhecimento da existência de um livro de publicação restrita,
"The World Book of Gittels", que cataloga extensa relações de nomes e
endereços, a maioria de residentes na Alemanha.
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